domingo, 6 de dezembro de 2009

Relatório de viagem ao Recife.


Dia ensolarado, calor, brisa do mar e cheiro de frutas tropicais - sapotis, pitangas, mangabas, acerolas -, essa foi a primeira vista ao aterrissar no Recife/PE. Para completar, lua cheia prateada que iluminava a cidade de ares que emanam alegria. Nas raízes, os ritmos populares do frevo, maracatu, modinhas e cordéis a contar um pouco da história desse 'pequeno' fragmento do nordeste.
Além do mar de águas quentes, mais encantador foi ver de perto os atletas portadores de necessidade especiais no campeonato da Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeiras de Rodas - CBBC. Estar perto deles vibrando a cada partida para mim foi um grande prêmio e verdadeira lição de vida, pois vê-los superar barreiras mediante tanto preconceito, me fez refletir sobre a condição e capacidades humanas. Pude ver de perto olhos que brilhavam feito estrelas, camisas e corpos suados, tamanho esforço físico e ansiedade ao final das partidas. Eles(as) são verdadeiros heróis: imagine empurrar a cadeira, driblar, bater a bola no chão e arremessá-la ao cesto! Caraca! Ouvi falar de histórias de alguns: um deles, hoje aos 27 anos, joga basquete desde os 14. Durante um assalto em São Paulo, foi jogado na linha de trem, que passou sobre suas pernas (...). Também vi um jovem de aproximadamente 15 anos, mascote de um dos grupos, que tinha sido recém - amputado. Não soube exatamente a razão.

Garra. Alegria. Superação. Essas são algumas das tônicas daqueles atletas e o campenato realmente foi emocionante. Pensei: aquelas sim, eram pessoas fortes de verdade.
Encantei-me ainda com o Bloco das Flores, tradicionalíssimo no Recife. Trata-se de um grupo de mulheres que mantém a tradição com o 1º bloco de frevo da cidade, desde 1920. Elas cantam modinhas típicas da região durante os desfiles de carnaval e, ao mesmo tempo, distribuem flores aos transeuntes. Lindas demais... Comer bolo de rolo de verdade (aqueles que se faz aqui são falsos!), com geleia de goiaba e sorvete de creme foi verdadeiro majar dos deuses... moqueca de peixe com legítimo dendê e côco não-industrializado fez suar naquele calor abaixo dos trópicos... tapioca quentinha com côco e mel, nem se fala...
!
Por outro lado, notei que, apesar daquele oceano lindo que banha toda costa da cidade, as pessoas lá andam com roupas até o pescoço. Como boa carioca que sou, achei bem estranho. A moda - praia, inclusive, é bem pequena por lá, com uma loja aqui, outra acolá. Em conversa com uma arquiteta, esposa de um sociólogo que conheci no ginásio durante os jogos, ela comentou que isso se dá devido aos resquícios do coronoelismo que persiste no pensamento da sociedade nordestina como um todo. Faz sentido.
Ri muito dos modos nada gentis dos pernambucanos. Até o timbre da voz deles é grosseiro. Ego número nº 2 (depois explico essa história de ego!), não faz parte da cultura deles. Compreendi. Questões culturais, apenas isso.
O presidente do CPB, durante a premiação dos vencedores do campeonato, disse algo que para mim valeu todo empenho durante nosso trabalho nos 7 dias que estivemos no Recife: "Não parabenizo a ninguém individualmente, mas as equipes que realizaram esse campeonato." Isso mesmo. Sem equipe dificilmente se obtém o objetivo. Portanto, Gonçalo Fortes (cinegrafista), Nilson Carvalho (fotógrafo) e eu, estivemos juntos o tempo todo. Sem esse espírito não teríamos realizado tamanha façanha. Adorei. Valeu meninos! Vocês já têm lugar no meu coração.
E vamos em frente, que atrás vem gente.
:) RB

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